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Pressa

data-filename="retriever" style="width: 100%;">A ânsia pela mudança das realidades faz compreensível o encantamento nacional diante de novidades aparecidas assim, sem prévio aviso, propostas por origens indefinidas.

Tamanho o descontentamento da população brasileira com quase tudo que a cerca, senão com tudo mesmo, que os ventos de mudança são sempre recebidos com a graça de bênção, venham de onde vierem, na velocidade que tiverem, mas, data vênia, sem se saber da direção para onde sopram.

Neste momento, tramita no Supremo Tribunal Federal, recurso extraordinário a versar sobre a possibilidade de admissão das candidaturas independes aos cargos eletivos existentes na legislação pátria, assim, mais objetivamente, aquelas em que qualquer indivíduo poderá submeter seu nome para disputar mandatos sem que para tanto esteja filiado a algum dos incontáveis partidos políticos estabelecidos no país.

Claro, por exame mais simplório, com a profundidade de um pires cheio d'água e de uma tentação venusiana, acrescida a propensão que o brasileiro tradicional ou geneticamente tem de opinar sobre tudo sem refletir sobre nada, há inúmeros adeptos da novel possibilidade que, inclusive, já é tida como a cirurgia curativa de todos os males eleitorais e que se alastraram em grau de septicemia a comprometer a todos os agentes políticos e seu funcionamento.

A intervenção cirúrgica já é recomendada, mesmo exigida!

Mas... E seus efeitos? Serão mesmo os desejados?

Há sim efeito colateral ponderável e sopesável capaz de agravar o quadro diagnosticado a contento, mas de tratamento complexo, o que, por si, faz cautela irrenunciável a descrença em milagres medicamentosos ou intervencionistas isolados e precipitados.

Qual a razão de crer que a salada de siglas e ideologias, agora acrescida de substantivos terá forma e sabor minimamente identificáveis, deglutíveis e digeríveis pela população quando sei lá quantas candidaturas, por gentes e interesses tantos, explícitos ou ocultos, lícitos ou ilícitos, se personificar em indivíduos sem qualquer compromisso programático?

Não venho aqui, em absoluto, afirmar que tais razões não existam, com efeito, que fique claro. Vim provocar, para saber se o amigo e/ou a amiga sabe delas, ou, mais, saber se verdadeiramente existem.

A mim, não um pessimista, mas um acautelado, arrepia a possibilidade de, no lugar de alguns partidos das bases governistas nos parlamentos, negociando com os poderes executivos, se apresentarem centenas de parlamentares individualmente, cada qual com seus pleitos.

Partidos políticos, constitucionalmente contemplados como instituições fundamentais e fundamentadas na democracia, poderiam, ao invés de descartados, ser melhorados, apurados, moralizados e, então, respeitados.

Assim, aqui vai um pedido por debate. Quase um alerta.

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